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Foto do escritorCarioca da Gema

Monsueto é Carioca da Gema

Autor: Luis Pimentel

Caricatura: Carlos Amorim


Alma do samba e do espírito carioca, nosso homenageado de novembro (faria aniversário no dia 4) é o cantor, compositor, instrumentista e “figuraça” Monsueto Campos de Menezes (1924-1973). Contam que autor dos clássicos Mora na filosofia (“Eu vou lhe dar a decisão:/Botei na balança, você não pesou/Botei na peneira, você não passou”) e A fonte secou (“Eu não sou água, para me tratares assim/Só na hora da sede é que procuras por mim”) foi procurar o humorista, comediante e escritor Chico Anysio, que sempre teve fama de não medir esforços para ajudar os amigos em dificuldades.

– Chico, preciso de ajuda. Estou há um tempão sem gravar nem fazer shows. Numa dureza de dar dó. Veja aí o que você pode fazer por mim.

Logo, logo Chico Anysio criou um personagem para ser interpretado por Monsueto, em seu programa humorístico de televisão. Conseguiu aprovar o personagem junto à direção da emissora e o procurou:

– Agora é só ir lá, Negão, e negociar o salário para a gente começar a gravar.

Monsueto ficou eufórico:

– E quanto eu peço, Chico? Quanto eu peço de grana?

Chico Anysio disse que não interferia nas negociações salariais entre os artistas e a Globo, que ele fosse lá e visse o quanto poderia conseguir. Imediatamente Monsueto fez uma pesquisa junto a vários colegas, ouvindo de todas a “informação” de que a TV Globo pagava rios de dinheiro. Já foi falar com o responsável pela parte financeira imbuído desse espírito, quando se deu o seguinte diálogo:

– O senhor está pensando em pedir quanto de salário? – perguntou o executivo.

– Oitocentos! – respondeu Monsueto, na bucha.

Depois de folhear alguns papéis e fazer alguns cálculos, usando uma maquininha, o representante da grana e da empresa informou:

– O máximo a que podemos chegar é a 20.

E o grande Monsueto, sem pestanejar:

– Topo!

O primeiro sucesso de Monsueto como compositor foi Me deixa em paz, gravado por Linda Batista. Foi ainda ator de cinema, show-man, cômico de televisão e diretor de bateria e harmonia de várias escolas de samba. Compôs umas 150 músicas e foi gravado por grandes intérpretes da MPB. Viveu e morou na filosofia, na melhor delas.

Luís Pimentel

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