Autor: Luis Pimentel
Caricatura: Carlos Amorim
No próximo ano ele completa 80 (nasceu em 1933, no mês de agosto, no dia 17). De samba, são quase sete décadas, porque começou a compor ainda menino, com 11 ou 12 anos de idade. Até hoje compõe, e bem. Até hoje canta, cada vez melhor. Sozinho ou ao lado da família de músicos que a vida lhe deu (filhos, netos e netas que tocam e que cantam), Hildemar Diniz, o grande Monarco, não para de trabalhar. Mês passado mesmo o vi, inteiro, íntegro e pimpão, sambando e cantando o fino em casa de shows na Lagora.
Dono de uma voz bela, forte e poderosa, o sempre jovem Monarco da Velha Guarda da Portela é compositor de encher os olhos, autor de sambas que estão entre os mais deliciosos da MPB e do repertório de excelências como Zeca Pagodinho, Paulinho da Viola, Clara Nunes, Martinho da Vila e Beth Carvalho. É autor de pérolas como Lenço, Vai vadiar, Tudo menos amor, Coração em desalinho, Passado de glória, Rancho da primavera e mais um caminhão de obras-primas. Com o seu eterno e indiscutível amor ao samba e à Portela, Monarco já formou duas gerações, dentro da própria família, de seguidores dos seus passos. O último pilar da ponte já está acontecendo no mundo da música, a linda neta Juliana (cantora e atriz), filha de seu filho Mauro Diniz – também compositor e um instrumentista de altíssimo nível. Tem mais um filho no ramo: o cantor e compositor Marquinhos Diniz, uma das feras do Trio Calafrio. Todos seguem a tradição do velho Hildemar, da velha guarda, da escola de samba querida e também dos principais parceiros de Monarco, como Alcides Dias Lopes (o Malandro Histórico da Portela), Chico Santana, Manacea, Mijinha e Candeia. Infelizmente, todos já mortos.
Monarco tem alguns discos gravados (com certeza, bem menos do que merece), inclusive no Japão. Ainda hoje, corre para cima e para baixo (quando faz bom tempo, viaja até o estrangeiro), em busca de shows que garantam o seu sustento. Mas sempre sem perder a tranqüilidade, a cordialidade e o bom humor. É uma das jóias mais raras da nossa música.
Luís Pimentel
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