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Foto do escritorCarioca da Gema

Jards Macalé é Carioca da Gema

Autor: Luís Pimentel

Caricatura: Carlos Amorim

Jards Anet da Silva, ou Macalé, ou Macau para os íntimos é um dos artistas mais instigantes da música brasileira. Compositor e instrumentista refinado, se divide em atividades múltiplas; uma delas é o ofício delicado (em tempos espinhosos, de interesses ligeiros) da amizade. Os amigos o adoram, a ele estão sempre rendendo homenagens e distribuindo elogios.

Aniversariante de março, nasceu num dia 3, no ano de 1943, nas imediações do Morro da Formiga, no bairro da Tijuca (mais carioca, portanto, impossível), filho de pai e mãe que tocavam acordeom e piano. Começou a respirar música muito cedo, que sorte, e jamais se afastou dos acordes (entre eles, os dissonantes da rebeldia tropicalista). Cidadão do Rio de Janeiro, do mundo (viveu bom tempo na Europa, quando tocou e cantou, entre outros, com Caetano e Gil) e de Penedo (refúgio onde Macau volta e meia vai buscar sossego e inspiração), ele sempre soube o que é vida de artista: nunca buscou moleza.

Jards Macalé começou a mostrar serviço em meados dos anos 1960, como violonista do Grupo Opinião. Estudioso e atento, fez direção de espetáculos musicais de divas como Maria Bethânia, teve a obra (construída em parceria com poetas do seu peito, como Torquato Neto, Wally Salomão e José Carlos Capinam) gravada por feras do porte de Paulinho da Viola, Elisete Cardoso e Gal Costa (quem não conhece, na voz da doce baiana, os versos de Vapor barato?). Arrepiou cabelos e chamou a atenção de público e de críticos em 1969, quando participou do 4º Festival Internacional da Canção – apresentando Gotham City. Nesse mesmo ano, lançou o seu primeiro disco, Só morto, antes de fazer as malas para Londres.

Volta e meia pica a mula, mas volta e meia está de volta. Para a nossa alegria. Salve todas as melodias, e salve, sempre, a simpatia de Macalé.

(Luís Pimentel)

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