Autor: Luis Pimentel
Caricatura: Carlos Amorim
Perguntado uma vez sobre sua relação com os bares do Rio de Janeiro (e ele conhece muitos), Didu Nogueira deu um gole e respondeu:
“É genético-hereditária.Venho de uma família de boêmios e não saberia viver sem um botequim por perto.Os bares e seus frequentadores são a relação que define o caráter de uma cidade”. Tim-Tim.
Carioca do Méier – onde nasceu em 1962, num dia 6 de março – até Copacabana, onde renasce nas ruas, nas cantorias etílicas do Bip Bip e no desfile carnavalesco do Clube de Samba, do qual é fundador, curador, cantor, compositor, divulgador, protetor e administrador, Carlos Eduardo Nogueira Machado, o Didu dos bons e dos bambas, é um carioca como poucos.
Filho, sobrinho e primo dos cantores e compositores Gisa Nogueira, João Nogueira e Diogo Nogueira (obrigatoriamente nessa ordem), é amigo de artistas de rua ou de celebridades, de políticos ou de pés-inchados, companheiro de todas as horas e um dos sujeitos mais “de bem com a vida” que o Rio de Janeiro tem a honra de hospedar. Ele me lembra aquele samba do Riachão, que diz “Onde cheguei sou chegado, me ature se quiser/Onde cheguei sou chegado, se não gosta de mim dê no pé”. Só que do meu amigo Didu Nogueira todo mundo gosta!
Numa mesma semana eu vi Didu em vídeo falando sobre sua longa amizade com o governador Sérgio Cabral; cantando músicas de João Nogueira em filme-homenagem do Canal Brasil; comandando o seu bloco na Avenida Atlântica; e puxando sambas novos e antigos na calçada do Bip – sempre com a mesma elegância, desprendimento e sorriso limpo.
Amigo do Carioca da Gema (membro permanente do júri do Festival de Novos Talentos que a casa promove) e também dos melhores espaços musicais de São Paulo, da Bahia, de Minas e de Pernambuco, o meu homenageado aqui é uma voz do Brasil. Os bares definem o caráter de uma cidade. Presenças como a de Didu Nogueira sustentam e determinam o caráter de um bar.
Luís Pimentel
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